

Ivan Jubert Guimarães
29/09/2012
Pela primeira vez em quase 50 anos, o sofá ficou
vazio. Eu me lembro, quando menino ainda, assistia pela antiga TV
Nacional ao programa O Mundo é das Mulheres. Já naquela época era um
programa de entrevistas, onde Hebe e mais três companheiras
entrevistavam homens famosos no programa.
Em 1966 Hebe foi para a TV Record que era a emissora líder da época,
e foi lá que o sofá começou a ser usado. Além de Hebe Camargo,
centenas de personalidades (ou milhares) sentaram-se ao seu lado. As
entrevistas não se limitavam apenas a artistas nacionais, Hebe
entrevistou muitos artistas internacionais.
Ela passou por quase todas as emissoras de televisão. Não foi apenas
uma apresentadora, Hebe foi cantora e atriz também. No dia em que a
TV Tupi foi ao ar pela primeira vez, Hebe estava lá.
Para mim ela representa o sorriso da televisão brasileira e, a
partir de hoje a televisão perde a graça que tinha em Hebe Camargo.
Mesmo quando o câncer a pegou, Hebe sorria e batalhou e chegou a
vencer alguns rounds contra a doença.
Alguns tipos de morte só acontecem com pessoas muito especiais, Hebe
morreu dormindo. Deus foi muito generoso com ela.
Quando ela apresentava desfiles de moda na televisão, lá pelos anos
60, ela costuma dizer que era pena a televisão não ser em cores para
que seus telespectadores pudessem ver a maravilha dos vestidos. Não
sei se esse bordão foi criação dela, mas com certeza “que gracinha”
foi.
Certamente que o Brasil chora sua morte, não dá para pensar em
televisão sem a figura de Hebe Camargo. Eu acho que Hebe estava
tendo um lindo sonho quando morreu e deve ter morrido como sempre
viveu, sorrindo. Questão de merecimento.
Agora o sofá ficou vazio.
O Ministério das Comunicações deveria decretar luto oficial de três
dias para Hebe Camargo, a grande dama da televisão brasileira. Três
dias sem nenhuma emissora de TV no ar.
Ivan Jubert
Guimarães
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Midi:
Você não Sabe - Hebe Camargo


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