Ivan
Jubert Guimarães
09/07/2006
Hoje é feriado em São Paulo. É domingo e nesta cidade não há dia
melhor para se fazer um feriado no que em um domingo. Afinal de
contas, São Paulo não pode parar.
Muitos com certeza não sabem nem o porquê deste feriado, mas ele
registra um dos momentos mais marcantes da história do Brasil: a
Revolução de 32.
Na verdade essa revolução começou a ser idealizada bem antes de
1932. Mas isso está nos livros de história. Assim como o MMDC que
não é sigla de nenhum partido político não, mas apenas as iniciais
dos primeiros homens que tombaram no início do movimento:
Martins-Miragaia-Dráusio-Camargo.
Foi uma luta armada, uma verdadeira guerra civil, cuja natureza foi
provocada
por uma reação aos ideais da revolução de 1930, ideais estes
abandonados por Getúlio Vargas, que “esqueceu-se” de sua natureza,
que era conduzir o país a um Estado de Direito e o outro atender às
reivindicações sociais. Mas Getúlio preferiu conduzir a nação rumo
ao Estado Totalitário. Com isso a constitucionalização do país foi
adiada indefinidamente.
Os paulistas não concordaram com isso e nasceu, então, o Movimento
Constitucionalista que levou à revolução de 32. Era São Paulo contra
o resto do Brasil, pois não houve nenhuma adesão de nenhum outro
estado brasileiro. Mas, mesmo assim, os paulistas não se renderam e
foram à luta. A população contribuiu à sua maneira doando ouro para
o bem de São Paulo, onde aqueles que nada tinham, doaram suas
próprias alianças. (Esse movimento foi repetido nos anos 60 quando a
população foi convocada a doar ouro para o bem do Brasil e eu pude
ver pela TV o ouro sendo embarcado no cruzador Tamandaré e sendo
levado não sei para onde)
Como não poderia deixar de ser, os paulistas foram derrotados nesta
revolução
que durou pouco tempo, mas foi o suficiente para mostrar ao resto do
país a pujança desse estado, e hoje tem desfile comemorativo na
cidade, junto ao Obelisco do Parque do Ibirapuera, que é o monumento
erguido em memória dos combatentes mortos na revolução.
É tão grande a pujança paulista que aqui se comemora a derrota em
uma guerra, pois se no campo de batalha os soldados
constitucionalistas eram abatidos e foram rendidos, o ideal
permaneceu vivo na memória de todos, pela coragem de um povo que se
insurgiu contra a ditadura de Vargas.
É pena que exemplo tão nobre tenha sido esquecido, não só pela
população, mas também pelos atuais governantes, principalmente deste
estado, que hoje vive à mercê de um tal de PCC.
Ivan Jubert Guimarães
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